dimanche 28 mars 2021

A gravidez precoce em Angola

Article original en portugais de Sandra Aguiar et Aya Fadel
(Pour la version française, voir plus bas)

A gravidez indesejada na adolescência é um grande problema na África francófona, uma região que registrou o menor progresso na saúde materna. Essas gestações precoces são a causa de verdadeiras interrupções no curso de vida dessas meninas e as expõem a riscos crescentes de complicações médicas e morte. Por isso é que a luta contra a gravidez precoce e a proteção e bem estar das crianças e adolescentes africanas no geral é uma causa importante, que a francofonia defende. 

Cerca de 21 milhões de meninas entre 15 e 19 anos engravidam todos os anos. 12 milhões de meninas entre 15 e 19 anos e pelo menos 777.000 meninas menores de 15 anos dão à luz às crianças a cada ano nos países pobres e em desenvolvimento. Pelo menos 10 milhões de meninas dessa mesma faixa etária enfrentam gravidezes indesejadas todos os anos nos países desenvolvidos. Trata-se de um fenômeno muito importante chamado gravidez precoce que consiste na gravidez de uma adolescente. 

Nós declaramos que conhecemos múltiplas jovens menores de idade que estão grávidas ou tiveram um susto de gravidez. Poucos falam das consequências, preocupações, ansiedades e riscos que adolescentes grávidas têm de enfrentar. 

A luta contra a gravidez precoce indesejada faz parte do combate feminista. Na maioria das vezes, a gravidez na adolescência interrompe o desenvolvimento pessoal dos adolescentes. Na nossa opinião, todos deveriam desejar um futuro brilhante para os adolescentes, porque eles são o futuro do nosso mundo, das nossas sociedades. Para que elas tenham um futuro brilhante, este problema tem de ser abordado. No entanto, estamos aqui para quebrar os mitos e conceitos errôneos e inautênticos de gravidez na adolescência.

A gravidez na adolescência é observável em todo o mundo, mas o continente africano tem a maior taxa de gravidez na adolescência; então vamos concentrar-nos no caso de Angola.

Angola é o segundo país da África Subsaariana, depois da República Democrática do Congo, com a mais alta taxa de gravidez na adolescência; os casos de gravidez precoce em Angola afetam meninas entre 10 e 19 anos. Entre mil mulheres dos 15 aos 19 anos de idade em Angola, pelo menos, 163 já deram à luz segundo um artigo da Nova Gazeta de 2019. Numa conferência sobre gravidez na adolescência, Samacumbi Luis, do UNFPA (fundo de populaçao das naçoes unidas) disse que muitas das adolescentes grávidas foram vítimas de abuso sexual. Para nós, o facto de ser um assunto tabu na sociedade angolana, e de outras partes do mundo limita as conversas que poderíamos ter para arranjar soluções.

Este fenômeno é especialmente preocupante aos nossos olhos por causa dos riscos envolvidos, que são consequências físicas, emocionais, sociais ou econômicas na vida de adolescentes. Embora tenhamos percorrido um longo caminho na batalha contra a gravidez na adolescência e o casamento infantil (com o declínio dos casos de gravidez na adolescência nos últimos dez anos em todo o mundo), a luta não acabou aqui em Angola.

As mães adolescentes passam por tanto sofrimento, mas todos estão em silêncio. Mesmo se muitas delas foram abusadas fisicamente e emocionalmente.

São elas que têm de lidar com o carregamento do bebé.

São elas que têm de lidar com os maus olhares de desconhecidos e familiares.

São elas que têm de lidar com a dor emocional e física.

E são somente crianças. Crianças.

Ver meninas da nossa idade, ou mais novas ainda nestas situações, entristece-nos. É um problema tão evitável mas tão presente e por isso cada um tem de usar a sua voz para educar outros sobre este assunto.

Não custa nada pôr-se no lugar dos outros, e ter empatia pelos outros.

A sociedade mantém o  silêncio sobre essas milhões de meninas negligenciadas, e por isso deve ser denunciado. Segundo as causas principais, como resolver o problema de gravidez precoce em Angola ? 

Temos o poder de aumentar a conscientização sobre esse problema, a fim de ajudar esses adolescentes. Essas adolescentes ao olhar que não ilumina. Essas adolescentes que a sociedade menospreza em vez de ajudar. Portanto abordaremos este tema de forma detalhada.

Artigo da Especial Cidadania

Artigo da TPA

I - As principais causas da gravidez precoce

Existem vários fatores que explicam a gravidez precoce, mas a causa principal nos paises africanos é o casamento infantil. O casamento infantil é o casamento formal ou união informal antes da idade de 18 anos. 70% das meninas casam-se com idade inferior a 18 anos, em três nações africanas. Uma menina casa-se a cada dois segundos. Esta estatística deveria ser revoltante para todos. No caso de Luanda, crianças jovens dos dez aos 14 anos de idade procuram cada vez mais os serviços de saúde materna. A Maternidade Lucrécia Paim realiza de 50 a 70 partos por dia, dos quais dez são de adolescentes. Em 50 partos normais, 20 são feitos a jovens.

Segundo a UNICEF, 30% das meninas e mulheres se casam ou vivem em união de facto antes dos 18 anos em Angola. Esta prática está relacionada com tradições, com crenças, e também com a pobreza no país, e ocorre tanto em zonas rurais como urbanas em Angola. Nas zonas rurais, a adolescente é motivada, muitas vezes pelos próprios pais a casar, e considera que tendo uma relação com um homem mais velho isso lhe vai dar alguma segurança económica no futuro. No entanto, a criança fica evidentemente vulnerável perante o marido, que pode ser 10 ou mais anos mais velho. 

A UNICEF mostrou-se preocupada com este fenômeno por causa do risco de gravidez precoce, pois o adulto da relação (geralmente é um homem adulto com uma menina menor) tem tendência a aproveitar-se sexualmente da criança, aumentando o risco de, nao so gravidez, mas também de doenças sexualmente transmissíveis como clamídia, HIV (que pode levar a SIDA), gonorreia etc.

Também existem casos em que após a gravidez de uma adolescente, a família dela a força a casar-se com o pai do filho por razões religiosas (que ele seja menor ou maior de idade). 

O casamento infantil é uma violação dos direitos humanos, pois a criança envolvida está numa fase vulnerável de desenvolvimento fisico e psicológico, mas é demasiado comum e profundamente enraizado nas sociedades africanas. Qualquer tipo de relação sexual entre um adulto e uma criança/adolescente é uma violação. Em conclusao, o casamento infantil muitas vezes compromete o desenvolvimento da menina ou menino, resultando em gravidez precoce e isolamento social, interrompendo sua escolaridade e limitando suas oportunidades de carreira e avanço vocacional. Isto tudo é muito similar às consequências da gravidez precoce, pois estes dois problemas estão entrelaçados.

Uma das outras causas da gravidez precoce é a falta de educação sexual.

Educação sexual é o ensino sobre a anatomia, a psicologia e aspectos comportamentais relacionados à reprodução humana, segundo a wikipedia. É o processo que visa educar, ou seja, esclarecer jovens e adolescentes a respeito da responsabilidade particular de cada um quando estes decidem entregar o seu corpo a alguém. O tema da sexualidade envolve imensos mitos, tabus e constrangimentos, isto é muito perigoso porque depois os adolescentes estarão a ser mal guiados e não saberão as coisas essenciais acerca da sexualidade. A educação sexual aborda temas como o sexo, a gravidez, o aborto, métodos contraceptivos, orientaçao sexual, a importância do preservativo e doenças sexualmente transmissíveis. Se qualquer indivíduo não estiver informado sobre estes assuntos, pode estar exposto a todo tipo de consequência; e é geralmente durante a adolescência que começa a vida sexual, então é imperativo que os adolescentes sejam informados. Na maioria das escolas, que sejam angolanas ou não, não há aulas de educação sexual e isto é problemático. Nesse caso os pais também têm de tomar iniciativa e responsabilidade, para evitar as consequências que enumeramos. O que uma criança aprende sobre saúde sexual pode em grande parte moldar seu próprio comportamento e opiniões sobre sexo, mostram as pesquisas; pesquisas descobriram que países com programas abrangentes de educação sexual têm taxas mais baixas de gravidez na adolescência. A verdade é que os pais pensam que aulas de educaçao sexual trata-se de uma aula que incentiva as crianças a fazerem sexo mais cedo e fazer sexo de forma mais arriscada, enquanto é o contrário disto. Este mito tem de ser esclarecido para que o fenômeno da gravidez precoce possa parar.

É uma vergonha que os pais e a sociedade em geral vejam a educação sexual como um assunto tabu, porque não falar sobre o assunto põe em perigo os adolescentes.

Como dissemos anteriormente, a gravidez precoce é parcialmente provocada pelos casamentos arranjados com homens bem mais velhos. No entanto, infelizmente, não é uma surpresa que em muitos casos, ocorre incesto, violaçao e pedofilia, muitas vezes entre pais e filhos. A violência sexual é outra causa da gravidez indesejada. É generalizado, com mais de um terço das meninas em alguns países relatando que seu primeiro encontro sexual foi sob coação. Em Angola, o número de crimes sexuais contra crianças está a aumentar e atinge vítimas a partir dos dois anos, segundo a Africa News. A conclusão provém de um trabalho, agora apresentado em livro, da psicóloga angolana Ana Panzo, que durante um ano estudou reclusos em nove prisões de três províncias angolanas. Ana Panzo constatou que: “A maioria dos agressores são pessoas muito próximas das vítimas, têm algum grau de parentesco, de irmãos, pais, padrastos, tios.” Ela observou que a motivação principal é a satisfação sexual. Eles têm esse comportamento repetitivo e compulsivo com um ou vários filhos.

Como o incesto e incesto e pedofilia está interlaçado com o casamento arranjado, acaba por ser normalizado no seio de familias angolanas. Famílias angolanas que não estão bem educadas sobre as consequências destes atos. Esses atos vis prejudicam não só o adolescente, mas também o seu bebe, em imensos aspectos. O bebe pode nascer com microcefalia, hemofilia, assimetria severa, escoliose, crânio desformado, e muitas outras doenças ou condições que afetam o bebe para sempre. 

A principal conclusão do estudo de Ana Panzo é que os infratores muitas vezes tentam se desculpar com feitiçaria ou o suposto efeito de forças ocultas, para não ter que se responsabilizar pelos crimes.

Agora que falamos das causas da gravidez precoce, falemos dos diversos riscos que esta envolve.

II - Os principais riscos da gravidez precoce

Motivo o qual não pode deixar de ser citado e a interrupção , temporária ou definitiva, no processo de educação formal, acarretando prejuízo na qualidade de vida e nas oportunidades futuras dos adolescentes. Entre 2007 e 2008 duas equipes do Programa de Saúde da Família ( PSF) do município de Carvalhos, acompanharam gestantes, 26 delas possuíam idades entre 13 e 17 anos. Revelaram que a maioria das meninas estão com renda per capita familiar inferior ao quarto do salário mínimo, sendo também o grau de escolaridade baixo, os pais não têm sequer o ensino fundamental e as adolescentes grávidas interrompem os estudos sem completar o ensino médio, segundo um artigo da Nataly Carvalho Diniz. 

A gravidez e a maternidade muitas vezes fazem com que as adolescentes abandonem a escola e, embora em alguns lugares sejam feitos esforços para permitir que elas voltem à escola após o nascimento de seus filhos, é bem possível que prejudique oportunidades educacionais e de emprego para mulheres jovens; somente 40 por cento das mães adolescentes terminam o ensino médio nos Estados Unidos. Isto prejudica o futuro profissional da adolescente, arruinando seus sonhos e aspirações, limitando as suas ambições. Isto também impede a mãe de viver a sua adolescência e juventude plenamente e puramente, privando-a de uma vida normal de adolescente, adultificando-a. Muitas vezes, se o pai do bebê também for um adolescente, ele rejeita a responsabilidade pelo bebê, tornando a jovem uma mãe solteira e tornando sua situação mais difícil (abordaremos as consequências econômicas e sociais da gravidez precoce brevemente).

Há muitas consequências e riscos na saúde física e mental de adolescentes grávidas. Complicações na gravidez e no parto são as principais causas de morte entre meninas de 15 a 19 anos em todo o mundo, com os países de baixa e média renda sendo responsáveis ​​por 99% das mortes maternas globais de mulheres de 15 a 49 anos. As mães adolescentes com idade entre 10–19 anos enfrentam maiores riscos de eclâmpsia, endometrite puerperal e infecções sistêmicas do que mulheres com idade entre 20–24 anos. Além disso, cerca de 3,9 milhões de abortos inseguros entre meninas de 15 a 19 anos ocorrem a cada ano, contribuindo para a mortalidade materna, morbidade e problemas de saúde duradouros. Há um risco maior do seguinte na gravidez na adolescência: pré-eclâmpsia, anemia, contrair DSTs (doenças sexualmente transmissíveis), entrega prematura… Durante a gravidez, particularmente a gravidez nos adolescentes, os riscos de mortalidade da mãe e do bêbê são altos. Diversas consequências tanto para a mulher quanto para o bebê, como depressão durante e após a gravidez, parto prematuro e aumento da pressão arterial. Geralmente na adolescência, o corpo das meninas ainda não está preparado para dar à luz, e isso leva a complicações durante e depois da maternidade. As meninas podem ficar doentes e sem força ao ponto de morrer. "O corpo destas jovens não está preparado” diz um dos diretores do projeto Save the Children na região, George Kijana ; Kijana explica também que os riscos de morte aumentam se as meninas têm menos de 18 anos, segundo um artigo da Ciência e Saúde. O corpo das meninas ainda não está completo com todos os nutrientes necessários para o bebe e pode levar até quase todos os nutrientes no corpo da mãe, levando a um risco, ver uma mortalidade por falta de vitaminas e nutrientes.

Em outros casos, se a mãe não está muito forte e saudável, um aborto espontâneo ocorre. Infecções podem ocorrer depois deste episódio, que pode levar à morte, e às vezes a menina fica com grande depressão que afeta a sua saúde. Raros são os momentos quando a mãe não fica afectada pelo aborto espontâneo. Se não for caso de aborto espontaneamente, a menina pode levar a decisão de ter um aborto que igualmente teria grandes consequências na saúde dela, e no seu futuro se for feito clandestinamente (muitas jovens nao são autorizadas pelos pais a fazer um aborto, e no entanto o fazem de outras formas). As consequências podem ser infecções, depressão, morte e também infertilidade no futuro. Vemos que a mortalidade é um grande risco na maternidade precoce, para as meninas, mas os bebês também correm riscos que abordaremos brevemente.

Abordamos então as consequências econômicas e sociais da gravidez precoce.

Uma criança tendo um bebê na adolescência tem mais probabilidade de enfrentar problemas sociais críticos, como pobreza, educação precária, comportamentos de risco que levam a problemas de saúde precários e bem-estar infantil. O custo financeiro de adolescentes tendo bebês é financeiramente devastador. Isto é mais visível em países desenvolvidos, como nos Estados Unidos, e países europeus, então como podem imaginar, num país como Angola tudo torna-se mais difícil. A classe pobre é a mais afetada pelo problema da gravidez precoce em Angola, pela falta de educação e outras razões já mencionadas, no entanto, as famílias da adolescente mãe têm dificuldades em pagar todas as coisas necessárias para acolher um bebe ao seio das suas famílias de forma saudável. O bebe não só precisa de roupas, fraldas e biberões, mas também de amor e estabilidade na família em que ele nasce. Já para não falar de todas as consultas ao médico necessárias para a mãe do bebé, para certificar-se que ele será saudável, e da saúde geral desta que tem de ser mantida também para que tudo corra bem… Todas estas exigências provavelmente não serão cumpridas pelos pais do bebê, nem mesmo se toda a família tentar ajudar financeiramente (se é que a família estará pronta a ajudar, porque há casos em que recusam ajudar). A unica forma de evitar estas consequencias seria o aborto (interrupção de uma gravidez resultante da remoção de um feto ou embrião antes de este ter a capacidade de sobreviver fora do útero), mas este é um outro tema muito polemico; muitas pessoas rejeitam esta opçao por causas religiosas, e portanto decidem guardar o bebe em qualquer circunstancia (este tema é muito complexo, mas tambem tem as suas conexoes a gravidez precoce). A interrupção definitiva da educação formal conduz a um futuro instável com pequena chance de ter emprego e se tiver, o emprego seria de salário baixo. Gravidez precoce não só causa interrupção definitiva ou temporária de educação formal mas pode também, quase sempre, ter grande efeito no futuro da menina (o) até reduzir a probabilidade de ter um bom emprego com bom salário. Não só as meninas mas se o pai do bêbê rejeita a responsabilidade, ele teria de deixar os estudos e trabalhar para ter como cuidar do filho(a). Mas sem ter completado a educação, a variedade de empregos está limitada a trabalhos com baixos salários e o futuro dos adolescentes seria "destruído" e teriam de crescer mais rápido. Levando em conta o emprego e o processo de cuidar do bebe, os adolescentes não têm tempo para viver a adolescência como deviam. Com mais responsabilidade, já não há tempo de sair com os amigos (se os amigos ainda aceitam falar com eles, porque,  várias vezes, quando uma menina fica grávida, as amigas dela não aceitam falar, sair ou ser vista com elas). As consequências econômicas e sociais da gravidez precoce são mais do presente, pode mesmo expandir até o futuro. 

Como dissemos, adolescentes grávidas solteiras podem enfrentar estigma ou rejeição por parte dos pais e colegas, bem como ameaças de violência. Também são mais susceptíveis a bullying (o bullying é tipicamente caracterizado por atos agressivos repetidos que ocorrem ao longo do tempo em um relação com um desequilíbrio de poder) por colegas na escola. Sabendo que adolescentes costumam passar a maioria do tempo na escola (é praticamente como uma segunda casa), este bullying torna-se cotidiano e omnipresente na vida da adolescente, que já tem de se preocupar com a pressão da família e outras batalhas internas já presentes antes da gravidez. Considerando o facto que a gravidez precoce é um tabu em Angola (e não só), estas jovens serão enfrentadas a comentários desagradáveis da parte de colegas, família, ou pela sociedade no geral. Além de taxas mais altas de depressão pós-parto, as mães adolescentes têm taxas mais altas de depressão. Elas também têm taxas mais altas de pensamentos suicidas do que suas colegas que não são mães. As mães adolescentes são mais propensas a apresentar transtorno de estresse pós-traumático (PTSD) do que outras adolescentes também. Todos estes fatores podem levar ao suicidio, matando também o bebe; este tema é igualmente sensível e delicado. Muitas vezes não se fala suficientemente sobre a saúde mental na sociedade angolana, então nos casos de gravidez precoce em Angola, a saúde mental da mãe do bebe nem ocorre na mente das pessoas (muito menos quando a adolescente grávida é de classe pobre); ninguém se pergunta como é que a menina se está a sentir, a empatia por ela desaparece, porque “Ela foi burra por não ter usado preservativo!” ou porque “Ela merece, talvez desta vez ela aprenda!”. Certamente, adolescentes deveriam ser mais responsáveis e inteligentes, e deveriam ser mais cuidadosos, mas estes comentários são desnecessarios porque nunca se sabe as causas da gravidez; poderia ser uma violaçao, incesto, casamento arranjado… Depois de o bêbê nascer, mães adolescentes tem de lidar com; dificuldade em se relacionar com seu bebê, ansiedade, ataques de pânico, pensar em machucar a si mesma ou ao seu bebê, dificuldade em aproveitar as atividades que fazia antes… De acordo com um estudo publicado no Maternal Child Health JournalTrusted Source, as mães adolescentes tiveram a pior saúde física de todas as categorias de mulheres estudadas. As mães adolescentes podem negligenciar sua saúde física enquanto cuidam de seus bebês. Elas também podem não ter acesso ou não saber sobre alimentos e alimentação saudáveis. Elas também são mais propensas a serem obesas. A falta de consideração da sociedade tem as suas consequências. 

As crianças nascidas de pais adolescentes enfrentam desafios maiores ao longo de suas vidas. Esses desafios incluem obter menos educação e piores resultados comportamentais e de saúde física.

Efeitos para o filho de uma mãe adolescente incluem:

maior risco de baixo peso ao nascer e mortalidade infantil; menos preparado para entrar no jardim de infância; depender mais fortemente de cuidados de saúde com financiamento público; são mais propensos a serem encarcerados em algum momento durante a adolescência; são mais propensos a abandonar o ensino médio

são mais propensos a ficarem desempregados ou subempregados como um jovem adulto.

Esses efeitos podem criar um ciclo perpétuo para mães adolescentes, para seus filhos e para os filhos de seus filhos.

III - Possíveis soluções ao problema

Certo que a gravidez precoce é um grande problema que por vezes não pode ser enfrentado, mas achamos que existem várias formas de prevenir isso.

A primeira forma é o reconhecimento. Nem todos sabem deste fenômeno, mas começar a sensibilização acerca deste assunto é o primeiro passo em direção de prevenir a gravidez precoce. Nós acreditamos que mais artigos, estatísticas  e propagação devem ser implementados a fim de ajudar as meninas.

Enquanto sociedade também temos de educar as meninas e os meninos sobre esse assunto de forma elaborada. Mesmo que vários pais acham que é uma perda de tempo e é mal de ter aulas de educação sexual, implementar isso nas escolas e fora pode reduzir os casos de gravidez precoce. Os meninos têm que saber os riscos, as responsabilidades e os efeitos de depois da gravidez a fim de não agir de forma imprudente. A gravidez não é um jogo nem uma coisa fácil e todos têm de saber isso.

E por fim, acreditamos que uma melhoria no sistema de saúde é necessária. Por exemplo as vitimas de abuso sexual que acabam engravidar têm de ser protegidas e os abusadores têm que ser punidos. Os casamentos infantis devem ser proibidos. O sistema de saúde tem de ser mais efetivo para que as adolescentes grávidas tenham o apoio médico que precisam sem serem negligenciadas, e os hospitais públicos (mais frequentados pelas famílias e pessoas angolanas mais pobres) têm de ter boas condições, e acessíveis para as adolescentes ao mesmo tempo.

Conclusão

A melhor maneira de resolver o problema da gravidez precoce em Angola é a prevenção. As organizações não governamentais estão na vanguarda dos esforços para prevenir a gravidez na adolescência em muitos países por meio de projetos inovadores. Existe agora um número pequeno, mas crescente, de programas nacionais liderados pelo governo bem-sucedidos, como no Chile, na Etiópia e no Reino Unido. No caso da Angola, a UNICEF mostrou-se preocupada com o elevado número de casamentos precoces em Angola, sabendo que a gravidez precoce e maior risco de VIH-SIDA são algumas das consequências. A UNICEF sublinha que são necessárias mais medidas de proteção das crianças e a difusão de mais informação adequada às comunidades, para acabar com esta prática.

O ministro da Assistência e Reinserção Social em Angola referiu que é importante reflectir sobre o papel da família porque nem sempre os pais estão preparados para responder às aflições dos filhos. “Em Angola há poucos estudos sobre a gravidez na adolescência", disse o ministro. Mas lembrou que a gravidez na adolescência assume proporções preocupantes e é necessário aprofundar as questões e identificar as razões.

É importante que a sociedade reconheça este problema e, em vez de escondê-lo ou evitá-lo, que comecem a educar-se a si mesmos e aos seus filhos e filhas. Por meio da educação sexual, podemos reduzir absolutamente a quantidade de casos de gravidez na adolescência. A verdade é que os adolescentes não vao parar de ter relações sexuais, faz parte do processo de desenlvolvimento pessoal e descoberta das suas sexualidades; é uma fase da vida cheia de revoltas, descobertas, e rebelião, no entanto nao é realista de simplesmente proibi-los de tudo. O que deve ser feito é ter “a conversa” com os adolescentes para que eles saibam da existência dos riscos. Falando sobre o uso do preservativo, e outros modos contraceptivos é importante para que eles possam fazer sexo de forma protegida. Temos que erradicar os mitos em torno da educação sexual.

Envergonhar os adolescentes e tornar esse assunto um tabu é contraproducente, a única coisa que está fazendo é magoá-los e aos seus futuros. Os jovens são e sempre foram o futuro da sociedade e da nação, a pior coisa que podemos fazer é não educá-los acerca de possíveis problemas que eles vão enfrentar no futuro. 

No que toca aos paises mais pobres e mais afetados, incluindo a India, Angola e muitos mais, em que a maior causa da gravidez precoce são o casamento infantil e a pedofilia, temos de; aumentar a conscientização das comunidades sobre os direitos das crianças; exigir que os governos mudem a idade legal para o casamento para 18 e apliquem as leis para proteger as crianças; educar as famílias sobre saúde reprodutiva.

A gravidez precoce não é nada fácil para adolescentes. Dar a vida a um ser humano é uma enorme responsabilidade que não deveria ser a preocupação de uma menina entre os 11 e os 17 anos. Na nossa opinião, proteger as crianças deveria ser uma das prioridades em Angola, sabendo que a maioria das crianças grávidas nos países pobres são vítimas de abuso sexual e são forçadas a casarem-se por causa das suas famílias que são ignorantes dos riscos. 

Senhoras e senhores, está na hora de abrir os olhos.

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Version française

La grossesse précoce en Angola

 

La grossesse non désirée chez les adolescentes est un problème majeur en Afrique francophone, une région qui a enregistré le moins de progrès en matière de santé maternelle. Ces grossesses précoces sont la cause d’interruptions réelles au cours de la vie de ces filles et les exposent à des risques croissants et des complications médicales, même des décès. C’est pourquoi la lutte contre la grossesse précoce, la protection, et le bien-être des enfants et des adolescents africains en général est une cause importante, que la Francophonie défend.

 

Environ 21 millions de filles âgées de 15 à 19 ans tombent enceintes chaque année. 12 millions de filles âgées de 15 à 19 ans et au moins 777 000 jeunes filles de moins de 15 ans donnent naissance à des enfants chaque année dans les pays pauvres et en développement. Au moins 10 millions de jeunes filles du même groupe d’âge sont confrontées à des grossesses non désirées chaque année dans les pays développés (comme les Etats Unis et les pays européens). Il s’agit d’un phénomène très important appelé grossesse précoce, qui consiste en la grossesse d’une adolescente. 

Autour de nous, nous avons tous connu des jeunes mineures qui sont enceintes ou qui ont eu une peur de grossesse. Peu de gens parlent des conséquences, des préoccupations, des anxiétés et des risques auxquels les adolescentes enceintes sont confrontées. 

La lutte contre les grossesses précoces non désirées fait partie de la lutte féministe. Le plus souvent, la grossesse chez les adolescentes perturbe leur développement personnel. À notre avis, tout le monde devrait vouloir un avenir radieux pour les adolescents, parce qu’ils sont l’avenir de notre monde, de nos sociétés. Pour qu’ils aient un bel avenir, il faut s’attaquer à ce problème. Cependant, nous sommes ici pour briser les mythes erronés et inauthentiques sur la grossesse chez les adolescentes. 

La grossesse chez les adolescentes est observable dans le monde entier, mais le continent africain a le taux de grossesse chez les adolescentes le plus élevé ; concentrons-nous donc sur le cas de l’Angola. L’Angola est le deuxième pays d’Afrique subsaharienne, après la République démocratique du Congo, avec le taux de grossesse chez les adolescentes le plus élevé ; les cas de grossesse précoce en Angola touchent les filles âgées de 10 à 19 ans. Parmi 1 000 femmes âgées de 15 à 19 ans en Angola, au moins 163 ont déjà accouché selon un article de Nova Gazeta de 2019. Lors d’une conférence sur la grossesse chez les adolescentes, Samacumbi Luis du FNUAP (Fonds des Nations Unies pour la Population) a déclaré que beaucoup d’adolescentes enceintes étaient victimes d’abus sexuels. Pour nous, le fait qu’il s’agisse d’un sujet tabou dans la société angolaise, limite les conversations que nous pourrions avoir afin de trouver des solutions. 

Ce phénomène est particulièrement inquiétant à nos yeux, en raison des risques encourus, qui sont d’ordres physique, émotionnel, social ou économique dans la vie des adolescentes. Bien que nous ayons parcouru un long chemin dans la lutte contre la grossesse chez les adolescentes et le mariage des enfants (avec le déclin des cas de grossesse chez les adolescentes au cours des dix dernières années à travers le monde), la lutte n’a pas pris fin ici en Angola. Les mères adolescentes souffrent beaucoup, mais tout le monde se tait, même si beaucoup d’entre elles ont été maltraitées physiquement et émotionnellement. 

Ce sont elles qui doivent s’occuper de l’accouchement du bébé. 

Ce sont elles qui doivent faire face aux mauvais regards des étrangers et des membres de leur famille. 

Ce sont elles qui doivent faire face à la douleur émotionnelle et physique. Et ce ne sont que des enfants. Des enfants.

Voir des filles de notre âge, voire plus jeunes dans ces situations, nous attriste. C’est un problème évitable, mais si présent que chacun doit utiliser sa voix pour éduquer les autres sur ce sujet. Cela ne fait pas de mal de se mettre dans la peau des autres, et de faire preuve d’empathie à l’égard des autres. La société maintient le silence sur ces millions de filles négligées, et il faut donc le dénoncer et en parler. Selon les principales causes, comment résoudre le problème de la grossesse précoce en Angola? Nous avons le pouvoir de sensibiliser le public à ce problème afin d’aider ces adolescents. Ces adolescents que la société méprise plutôt qu'aider. Par conséquent, nous traiterons de ce sujet en détail.

I - Les principales causes de la grossesse précoce

Plusieurs facteurs expliquent la grossesse précoce, mais la principale cause dans les pays africains est le mariage arrangé d’enfants. Le mariage arrangé d’enfants est un mariage formel ou un mariage informel avant l’âge de 18 ans. 70% des filles se marient avant l’âge de 18 ans dans trois pays africains. Une fille mineure se marie toutes les deux secondes. Cette statistique devrait être révoltante pour tout le monde. Dans le cas de Luanda, les jeunes enfants de 10 à 14 ans sont de plus en plus à la recherche de services de santé maternelle. La maternité Lucrezia Paim effectue de 50 à 70 accouchements par jour, dont 10 de mères adolescentes. Sur 50 accouchements, 20 sont concernent des jeunes femmes. Selon l’UNICEF, 30 % des filles et des femmes se marient ou vivent dans une union de fait avant l’âge de 18 ans en Angola. Cette pratique est liée aux traditions, aux croyances, mais aussi à la pauvreté dans le pays, et se produit à la fois dans les zones rurales et urbaines en Angola. Dans les zones rurales, l’adolescente est motivée, souvent par ses propres parents, à se marier, et la famille de la jeune fille considère qu’avoir une relation avec un homme plus âgé lui donnera une certaine sécurité économique à l’avenir. Cependant, la jeune fille est alors soumise à l’emprise de son mari, qui peut avoir 10 ans ou plus qu’elle. L’UNICEF s’est inquiété de ce phénomène en raison du risque de grossesse précoce, car l’adulte dans ce type de relation (généralement un homme adulte avec une fille mineure) a tendance à profiter sexuellement de l’enfant, augmentant le risque non seulement de grossesse, mais aussi de maladies sexuellement transmissibles telles que la chlamydia, le VIH (qui peut conduire au sida), la gonorrhée, etc. Il y a aussi des cas où, après la grossesse d’une adolescente, sa famille l’oblige à épouser le père de l’enfant pour des raisons religieuses (qu’il soit mineur ou majeur). Le mariage des enfants est une violation des droits de l’homme, parce que l’enfant impliqué est dans une phase vulnérable de développement physique et psychologique, mais il est trop commun et profondément enraciné dans les sociétés africaines. Tout type de relation sexuelle entre un adulte et un enfant ou un adolescent est une violation. En conclusion, le mariage des enfants compromet souvent le développement de la jeune fille ou du garçon, entraînant une grossesse précoce et un isolement social, interrompant leur scolarité et limitant leurs possibilités de carrière et leur avancement professionnel. Tout cela est très similaire aux conséquences d’une grossesse précoce, car ces deux problèmes sont étroitement liés.

L’une des autres causes de la grossesse précoce est le manque d’éducation sexuelle.

L’éducation sexuelle enseigne l’anatomie, la psychologie et les aspects comportementaux liés à la reproduction humaine, selon wikipedia. C’est le processus qui vise à éduquer, c’est-à-dire à apporter des éclaircissements aux jeunes et aux adolescents sur la responsabilité particulière de chacun lorsqu’ils décident de donner leur corps à quelqu’un. Le thème de la sexualité implique de nombreux mythes, tabous et contraintes. L’absence d’éducation sexuelle est très dangereuse parce que les adolescents seront alors mal avisés et ne connaîtront pas les choses essentielles sur la sexualité. L’éducation sexuelle aborde des sujets tels que le sexe, la grossesse, l’avortement, les méthodes contraceptives, l’orientation sexuelle, l’importance des préservatifs et des maladies sexuellement transmissibles. Si une personne n’est pas informée de ces questions, elle peut être exposée à toutes sortes de conséquences ; et c’est généralement pendant l’adolescence que la vie sexuelle commence, il est donc impératif que les adolescents soient informés. Dans la plupart des écoles, angolaises ou non, il n’y a pas de cours d’éducation sexuelle et c’est problématique. Dans ce cas, les parents doivent également prendre l’initiative et la responsabilité d’éviter les conséquences que nous énumérons. Ce qu’un enfant apprend sur la santé sexuelle peut en grande partie façonner son propre comportement et ses opinions sur le sexe, selon les recherches ; plusieurs études ont révélé que les pays avec des programmes complets d’éducation sexuelle ont des taux plus faibles de grossesse chez les adolescentes. La vérité est que les parents pensent que les cours d’éducation sexuelle encouragent les enfants à avoir des rapports sexuels plus tôt et à avoir des rapports sexuels plus risqués, alors que c’est le contraire de cela. Ce mythe doit être clarifié afin que le phénomène de la grossesse précoce puisse s’arrêter. Il est dommage que les parents considèrent l’éducation sexuelle comme un sujet tabou, parce que ne pas en parler met en danger les adolescents. 

Comme nous l’avons dit plus tôt, la grossesse précoce est en partie causée par des mariages arrangés avec des hommes beaucoup plus âgés. Malheureusement, il n’est pas surprenant que, dans de nombreux cas, l’inceste, le viol et la pédophilie se produisent, souvent entre parents et enfants, entraînant comme conséquence la grossesse précoce. La violence sexuelle est donc une autre cause de grossesse non désirée chez adolescents. La violence sexuelle est très répandue, plus d’un tiers des filles de certains pays ayant déclaré que leur première rencontre sexuelle avait été coercitive. En Angola, le nombre de crimes sexuels contre les enfants augmente et atteint les victimes dès l’âge de deux ans, selon Africa News. La conclusion provient d’un travail, aujourd’hui présenté dans un livre, par la psychologue angolaise Ana Panzo, qui a étudié pendant un an les détenus dans neuf prisons de trois provinces angolaises. Ana Panzo a noté que : « La plupart des agresseurs sont des gens très proches des victimes, ont un certain degré de parenté, de frères et sœurs, de parents, de beaux-pères, d’oncles. ». Elle a noté que la principale motivation est la satisfaction sexuelle. Les agresseurs ont ce comportement répétitif et compulsif avec un ou plusieurs enfants. Dans de nombreux cas, la victime de cet agresseur découvre qu’elle est enceinte, et est obligée de garder le bébé.

Comme l’inceste et la pédophilie sont liés  au mariage arrangé, il finit par être normalisé au sein des familles angolaises, qui ne sont pas bien éduquées sur les conséquences de ces actes. Ces actes ignobles nuisent non seulement à l’adolescent, mais aussi au bébé de l’adolescente, pour plusieurs raisons. Un bébé avec des parents qui ont un lien familial peut naître avec la microcéphalie, l’hémophilie, l’asymétrie grave, la scoliose, le crâne déformé, et beaucoup d’autres maladies ou conditions qui affectent le bébé pour toujours. La principale conclusion de l’étude d’Ana Panzo est que les agresseurs ciblant les mineurs essaient souvent de s’excuser avec la sorcellerie ou l’effet supposé des forces cachées qui les ont obligés à agir de telle manière, afin de ne pas avoir à assumer la responsabilité des crimes.

Maintenant que nous avons parlé des causes de la grossesse précoce, parlons des différents risques qu’elle comporte.

II - Les principaux risques d’une grossesse précoce

Un risque à ne pas oublier est l’interruption, temporaire ou définitive, du processus éducatif formel, qui provoque des dégâts sur la qualité de vie et limite les opportunités futures des adolescents. Entre 2007 et 2008, deux équipes du Programme de Santé Familiale (PSF) de la municipalité de Carvalhos ont suivi des femmes enceintes, dont 26 âgées de 13 à 17 ans. Elles ont révélé que la plupart des filles ont un revenu familial par habitant inférieur au quart du salaire minimum, et aussi une faible scolarité ; les adolescentes enceintes interrompent leurs études sans terminer leurs études secondaires, selon un article de Nataly Carvalho Diniz.

La grossesse et la maternité font souvent que les adolescents quittent l'école et, bien que, dans certains endroits, des efforts soient faits pour leur permettre de retourner à l'école après la naissance de leurs enfants, il est bien possible qu'ils portent préjudice aux opportunités d'éducation et d'emploi des jeunes femmes. Seulement 40% des mères adolescentes terminent leur scolarité aux États-Unis. Cela nuit à l'avenir professionnel de l'adolescente en ruinant ses rêves et ses aspirations, et en limitant ses ambitions. Cela empêche également la mère de vivre pleinement et purement son adolescence et sa jeunesse, la privant ainsi d'une vie normale d'adolescent, la rendant adulte. Souvent, si le père du bébé est aussi un adolescent, il rejette la responsabilité du bébé en faisant de la jeune femme une mère célibataire et en rendant sa situation plus difficile (nous aborderons les conséquences économiques et sociales de la grossesse précoce).

Il y a de nombreuses conséquences et de nombreux risques pour la santé physique et mentale des adolescents enceintes. Les complications de la grossesse et de l'accouchement sont les principales causes de décès parmi les filles âgées de 15 à 19 ans dans le monde entier, les pays à revenus faibles et moyens étant responsables de 99% des décès maternels de femmes âgées de 15 à 49 ans. Les mères adolescentes âgées de 10 à 19 ans présentent un risque plus élevé d'éclampsie, d'endométrite puériale et d'infections systémiques que les femmes âgées de 20 à 24 ans. En outre, environ 3,9 millions d'avortements dangereux sont pratiqués chaque année chez des filles de 15 à 19 ans, contribuant à la mortalité maternelle, à la morbidité et à des problèmes de santé durables. Il existe un risque plus élevé, au cours de la grossesse chez l'adolescente, de prééclampsie, anémie, DSTs (maladies sexuellement transmissibles), accouchement prématuré, augmentation de la pression artérielle, de dépression pendant et après la grossesse. Généralement, à l'adolescence, le corps des jeunes filles n'est pas encore prêt à accoucher, ce qui entraîne des complications pendant et après la maternité. Les jeunes filles peuvent devenir malades et sans force au point de mourir : "Le corps de ces jeunes filles n'est pas prêt", explique George Kijana, l'un des directeurs du projet Save the Children dans la région ; Kijana explique également que les risques de décès augmentent si les jeunes filles ont moins de 18 ans, selon un article de Science et Santé. Le corps des jeunes filles n’est pas capable d’apporter tous les nutriments nécessaires au bébé, ce qui entraîne un risque de mortalité.

Dans d'autres cas, si la mère n'est pas suffisamment forte et en bonne santé, un avortement spontané se produit. Les infections peuvent survenir après cet épisode, qui peut entraîner la mort, et parfois la jeune fille souffre d'une dépression importante qui affecte sa santé. Si l'avortement n'est pas spontanément pratiqué, la jeune fille peut prendre la décision d'avoir un avortement qui aurait également de graves conséquences sur sa santé, et dans son avenir si cela est fait de manière clandestine (de nombreuses jeunes filles ne sont pas autorisées par leurs parents à avorter, mais elles le font d'autres façons). Les conséquences de l’avortement clandestin peuvent être les infections, la dépression, la mort et aussi l'infertilité à l'avenir. Nous voyons que la mortalité est un grand risque dans la maternité précoce, pour les jeunes filles, mais les bébés aussi courent des risques que nous aborderons bientôt.

Parlons donc des conséquences économiques et sociales de la grossesse précoce.

Une adolescente qui a un bébé est plus susceptible de faire face à des problèmes sociaux critiques, tels que la pauvreté, l'éducation précaire... Le coût financier des adolescents ayant des bébés est financièrement dévastateur. C'est plus visible dans les pays développés, comme aux États-Unis et dans les pays européens, mais comme vous pouvez l'imaginer, dans un pays comme l'Angola, tout devient plus difficile. La classe populaire est la plus touchée par le problème de la grossesse précoce en Angola, par le manque d'éducation et d'autres raisons déjà évoquées, mais la famille de la mère adolescente a du mal à payer toutes les choses nécessaires pour accueillir un bébé dans leur famille en bonne santé. Le bébé a besoin non seulement de vêtements, de couches et de biberons, mais aussi d'amour et de stabilité dans la famille où il naît. Sans parler de toutes les consultations médicales nécessaires pour la mère du bébé, pour s'assurer qu'il sera en bonne santé, et de la santé générale de celui-ci qui doit être maintenue aussi pour que tout se passe bien… Toutes ces exigences ne seront probablement pas satisfaites par les parents du bébé, même si toute la famille essaie d'apporter une aide financière (si la famille est prête à apporter une aide, parce qu'il y a des cas où ils refusent d'aider). Le seul moyen d'éviter ces conséquences serait l'avortement, mais il s'agit d'un autre sujet très polémique. Beaucoup de gens rejettent cette option pour des raisons religieuses et décident donc de garder le bébé en toutes circonstances (ce sujet est très complexe, mais il a aussi des liens avec la grossesse précoce). De plus, l'arrêt définitif de toute scolarité conduit à un avenir instable avec peu de chance d'avoir un emploi et quand emploi il y a, à un emploi faiblement rémunéré. Si le père du bébé assume sa part de responsabilité, il doit le plus souvent quitter ses études et travailler pour s'occuper de son enfant. Mais faute de formation, la variété d'emplois possibles est limitée à des emplois à bas salaires, son avenir est hypothéqué et il se trouve dans l’obligation de « grandir plus vite ». Les adolescents n'ont pas le temps de vivre l'adolescence comme ils le devraient. Avec plus de responsabilité, il n'est plus temps de sortir avec ses amis (si ses amis acceptent encore de leur parler, parce que, à plusieurs reprises, lorsqu'une fille est enceinte, ses amies n'acceptent pas de parler, de sortir ou d'être vue avec elles). Les conséquences économiques et sociales d'une grossesse précoce sont plus présentes qu'aujourd'hui et peuvent même s'étendre à l'avenir.

Comme nous l'avons dit, les adolescentes enceintes et célibataires peuvent faire face à la stigmatisation ou au rejet de leurs parents et de leurs collègues, ainsi qu'à des menaces de violence. Elles sont également plus susceptibles d'être harcelées (le harcèlement est typiquement caractérisé par des actes d'agression répétés qui se produisent au fil du temps dans un rapport avec un déséquilibre des pouvoirs) par des camarades à l'école. Sachant que les adolescents passent la plupart du temps à l'école (c'est presque comme une seconde maison), ce harcèlement devient quotidien et omniprésent dans la vie de l'adolescente, qui doit déjà se préoccuper de la pression de la famille et d'autres batailles internes déjà déclarées avant la grossesse. Tenant en compte le fait que la grossesse précoce est un tabou en Angola (et ailleurs), ces jeunes femmes seront confrontées à des commentaires désagréables de la part de camarades, des membres de leur famille ou de la société dans son ensemble. Ainsi, les mères adolescentes présentent des taux plus élevés de dépression. Elles ont aussi des taux plus élevés de pensées suicidaires que leurs camarades du même âge qui ne sont pas mères. Les mères adolescentes sont plus susceptibles de souffrir de stress post-traumatique (PTSD) que les autres adolescentes aussi. Tous ces facteurs peuvent conduire au suicide, et par suite à la mort du bébé ; ce sujet est également sensible et délicat. On ne parle souvent pas assez de la santé mentale dans la société angolaise, donc en cas de grossesse précoce en Angola, la santé mentale de la mère du bébé n'apparaît pas dans l'esprit des gens (encore moins lorsque l'adolescente enceinte est de classe pauvre). Personne ne se demande comment la fille se sent, l'empathie pour elle disparaît, car "Elle a été stupide de ne pas avoir utilisé de préservatifs !" ou car "Elle le mérite, peut-être cette fois-ci elle apprendra !". Les adolescents devraient certainement être plus responsables et plus prudents, mais ces commentaires sont inutiles car on ne sait jamais les causes de la grossesse : cela pourrait être un viol, un inceste, un mariage arrangé… Une fois que le bébé est né, les mères adolescentes doivent s'occuper de lui, mais de nombreuses complications surgissent : la difficulté à se connecter au bébé, l'anxiété, les crises de panique, penser à ne pas se blesser ou à blesser l’enfant, la difficulté de profiter des activités auparavant pratiquées... Selon une étude publiée dans le Maternal Child Health JournalTrusted Source, les mères adolescentes ont la pire santé physique parmi toutes les catégories de femmes étudiées, car elles négligent leur santé physique pendant qu'elles s'occupent de leurs bébés. Elles peuvent aussi ne pas avoir accès à des aliments sains ou ne pas les connaître. Elles sont aussi plus susceptibles d'être obèses. 

Les enfants nés de parents adolescents sont confrontés à des défis majeurs tout au long de leur vie. Parmi ces défis, on peut citer la réduction de l'éducation, l'aggravation des performances en matière de comportement et de santé physique. Les effets sur l'enfant d’une adolescente incluent un risque plus élevé de faible poids à la naissance, risque plus élevé de mortalité infantile, un manque de préparation pour entrer à la maternelle, une plus grande dépendance aux soins de santé financés par des fonds publics. Ces enfants sont plus susceptibles d'être incarcérés à un moment ou à un autre au cours de l'adolescence ; ils sont plus enclins à abandonner l'enseignement secondaire ; ils sont plus susceptibles de devenir chômeurs ou sous-employés… Ces effets peuvent créer un engrenage pour les mères adolescentes, leurs enfants et les enfants de leurs enfants.

III - Solutions possibles au problème

Il est vrai que la grossesse précoce est un problème majeur qu’il est difficile de contrôler, mais nous pensons qu'il existe plusieurs moyens d'empêcher cela.

La première forme est la reconnaissance. Tout le monde n'est pas au courant de ce phénomène, mais le fait de commencer à en prendre conscience est le premier pas vers la prévention d'une grossesse précoce. Nous croyons que beaucoup plus d'articles, de recherches, et de statistiques sur la grossesse précoce en Angola doivent être mis en œuvre.

En tant que société, nous devons également éduquer les filles et les garçons à ce sujet de manière élaborée. Même si certains parents pensent qu'il s'agit d'une perte de temps et qu'il est inapproprié d'avoir des cours d'éducation sexuelle : une meilleure information à l'école et à l'extérieur peut réduire les cas de grossesse précoce. Les garçons doivent aussi connaître les risques, les responsabilités et les effets d'après-grossesse afin de ne pas agir de manière imprudente parce que souvent, nous laissons les adolescents hors des conversations. La grossesse n'est pas un jeu ou une chose facile et tout le monde doit le savoir.

Enfin, nous pensons qu'une amélioration du système de santé est nécessaire. Par exemple, les jeunes victimes d'abus sexuels qui finissent par être enceintes doivent être protégées et les malfaiteurs doivent être punis. Les mariages d'enfants doivent être interdits. Le système de santé doit être plus efficace pour que les adolescentes enceintes reçoivent le soutien médical dont elles ont besoin sans être négligées, et les hôpitaux publics (plus fréquentés par les familles et les personnes angolaises les plus pauvres) doivent être en bon état de fonctionnement et accessibles aux adolescents en même temps.

Conclusion

La meilleure façon de résoudre le problème de la grossesse précoce en Angola est la prévention. Les organisations non gouvernementales sont à l'avant-garde des efforts visant à prévenir la grossesse chez les adolescents dans de nombreux pays, par le biais de projets innovants. Il existe à présent un nombre limité, mais croissant, de programmes nationaux menés par le gouvernement qui ont été couronnés de succès, comme au Chili, en Éthiopie et au Royaume-Uni. Dans le cas de l'Angola, l'UNICEF s'est inquiétée du nombre élevé de mariages précoces dans le pays, sachant que la grossesse précoce et le risque accru de VIH-sida sont quelques-unes des conséquences. L'UNICEF souligne que des mesures supplémentaires de protection des enfants et la diffusion d'informations plus précises aux communautés sont nécessaires pour mettre un terme à cette pratique. Le ministre angolais de l'aide et de la réinsertion sociale a déclaré qu'il était important de réfléchir au rôle de la famille parce que les parents ne sont pas toujours prêts à répondre aux difficultés de leurs enfants. "En Angola, il y a peu d'études sur la grossesse chez l'adolescente", a dit le ministre. Mais il a rappelé que la grossesse chez l'adolescente prend des proportions inquiétantes et qu'il est nécessaire d'approfondir les questions et d'en identifier les raisons

Il est important que la société reconnaisse ce problème et, au lieu de le cacher ou de l'éviter, qu'elle commence à s'éduquer à elle-même, à ses enfants et à ses filles. A partir de l'éducation sexuelle, nous pouvons absolument réduire le nombre de grossesses chez les adolescents. La vérité est que les adolescents n'arrêteront pas d'avoir des relations sexuelles, cela fait partie du processus de développement personnel et de découverte de leur sexualité. L'adolescence est une phase de la vie pleine de révoltes, de découvertes, de rébellion, mais il n'est pas réaliste de simplement tout leur interdire. Ce qu'il faut faire, c'est avoir de "la conversation" avec les adolescents pour qu'ils sachent qu'il y a des risques. Parler de l'utilisation du préservatif, du consentement, et d'autres moyens de contraception est important pour qu'ils puissent avoir des rapports sexuels protégés. Nous devons éradiquer les mythes autour de l'éducation sexuelle. Faire honte aux adolescents et faire de ce sujet un sujet tabou est contre-productif. Les jeunes sont et ont toujours été l'avenir de la société et de la nation, la pire chose que nous puissions faire est de ne pas les éduquer sur les problèmes qu'ils pourraient rencontrer à l'avenir.

En ce qui concerne les pays les plus pauvres et les plus touchés, dont l'Inde, l'Angola et bien d'autres, où la principale cause de grossesse précoce est le mariage des enfants et la pédophilie, nous devons faire quelque chose. Nous devons sensibiliser les communautés aux droits de l'enfant ; exiger aux gouvernements qu'ils déplacent l'âge légal du mariage à 18 ans et qu'ils appliquent les lois pour protéger les enfants; éduquer les familles sur la santé génésique. Le plus important est aussi d’identifier et emprisonner les agresseurs sexuels et les pédophiles qui ont blessé des jeunes filles et qui ont transformé leurs vies pour le pire. Ils doivent être punis.

Une grossesse précoce n'est pas une chose facile pour les adolescents. Donner la vie à un être humain est une responsabilité énorme qui ne devrait pas être l'inquiétude d'une jeune fille de 11 à 17 ans. Nous pensons que la protection des enfants devrait être l'une des priorités de l'Angola, sachant que la plupart des enfants enceintes dans les pays pauvres sont victimes d'abus sexuels et sont forcés de se marier à cause de leurs familles ignorantes des risques.

Mesdames et messieurs, il est temps d'ouvrir les yeux.

 l

Titre inconnu

[En attente.]

Ahmad Assaad

Petit éloge de la diversité culturelle

 [Travail en cours.]

Lenny Aguiar

Brève : Covid-19 : difficultés sociales accrues en Angola

En Angola, 3 millions d’Angolais ont besoin d’aide alimentaire et 600 000 d’entre eux sont directement menacés par la famine, qui s'est accentuée sous l'effet de la pandémie de la Covid-19. Cette dernière s'ajoute à la crise économique que connaît le pays depuis 2014. Afin de répondre aux difficultés d'un trop grand nombre de familles causées par la pandémie, le gouvernement a mis en place des politiques d'assistance sociale comprenant la distribution gratuite d'eau potable, de denrées non périssables, de produits pour l'hygiène (savon). Selon les experts, ces mesures gouvernementales ne suffisent pas pour résoudre la situation de pauvreté que connaît l'Angola. Le gouvernement devrait revoir ses politiques publiques liées à l'émancipation des familles dans la mesure où le plan de diversification économique annoncé en 2014 a échoué. 

Illian Correia Mokolo


samedi 27 mars 2021

Maltraitance des "enfants-sorciers"

Article original en français
(Pour la version portugaise, voir plus bas)

Radijia Bonzela Franco
Mamady Keita

La sorcellerie est une pratique magique qui vise à exercer une action, généralement néfaste, sur un être humain, sur des animaux ou des plantes. Cette pratique est très répandue en Afrique, plus précisément en Afrique de l’Ouest. On compte un large nombre d'individus qui y font appel, notamment des personnes à bout de force qui ne savent plus vers qui se tourner, ou qui, poussées par le désespoir, en viennent à consulter un marabout en espérant enfin avoir la solution à leur problème. Un marabout est en Afrique une personne connue pour ses pouvoirs de guérisseur.

Au premier abord, cette tradition peut sembler inoffensive, mais que savons-nous sur le nombre de vie détruites à cause de cette tradition ? Des milliers d'enfants sont abandonnés à leur sort, en raison de croyances liées à la sorcellerie, parce qu’on suspecte l’enfant d’être maléfique ou de porter un mal dont il convient de le purifier, et donc que l'on suspecte d’être un « sorcier », le plus souvent parce qu’il est victime de ce qu’on considère comme une anormalité (physique ou comportementale). En effet, en Afrique, beaucoup de parents désespérés laissent l’avenir de leurs enfants dans les mains des marabouts, dans le but le soigner, de le « rendre normal ». Pourquoi confient-ils leurs enfants à un inconnu ? Parce que c'est un savant, selon leurs références culturelles, quelqu'un qui impose le respect et dont la sagesse est impressionnante. Ses pratiques, qu'elles soient violentes ou pas, sont considérées comme un bien nécessaire. Ce bien nécessaire peut être une torture physique. Un enfant accusé d'utiliser de la sorcellerie contre les siens ou de porter en lui le malheur causé dans sa famille est torturé, brûlé, rejeté, abandonné et tué. Cela peut être choquant, mais dans certains cas, l'entourage estime que recourir au pouvoir du marabout est la meilleure méthode. 

Nous sommes donc confrontés à une triste réalité. Des milliers d’enfants, innocents, sont accusés de sorcellerie. 23 000 enfants en avril 2010 vivent dans les rues de Kinshasa parce qu’ils sont accusés de sorcellerie et 423 dans une ville du nord de l’Angola. 

Pourquoi sont-ils considérés ainsi ? Parce qu'ils sont handicapés, malades, différents ? Cela voudrait donc dire que si on est touché par l'épilepsie, la tuberculose, l'autisme ou bien le bégaiement, on serait un « sorcier » ? Ou peut-être même le fait d'être né prématuré. Si l’on forçait le trait, on pourrait aller jusqu'à dire qu'un enfant paresseux est un sorcier. N'est-ce pas absurde de les accuser ainsi ? Pourtant, 80% des jeunes âgés de 3 à 18 ans n'ont plus de toit familial. Ils sont soit expulsés soit poussés à s'enfuir de leur famille parce qu’elle s’est montrée violente envers celui qu’elle considère comme un « enfant sorcier ».

Les jeunes sont des proies parfaites aux yeux de la société. Ils ne peuvent contester ou s’exprimer, car la hiérarchie leur impose le silence. C’est leur parole contre celle d’un adulte, aussi obscurantiste qu’elle puisse être.

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A prática da feitiçaria é muito difundida no continente africano, faz parte de uma cultura e é uma crença do continente. Há um grande número de indivíduos associados a ela. Especialmente as que não sabem mais para onde se virar, ou que empurradas pelo desespero vêm a consultar um feiticeiro na esperança de finalmente encontrar a solução para o seu problema. Um "marabout" é uma pessoa conhecida por seus poderes de cura.


À primeira vista, essa tradição pode parecer inofensiva, mas o que sabemos sobre o número de vidas destruídas por causa dessa mesma tradição? Milhares de crianças abandonadas à própria sorte.

Em África,  muitos pais desesperados deixam o futuro de seus filhos nas mãos de marabus. Para eliminar uma dificuldade existente. Esta pode muito bem vir da natureza. Por que eles confiam seus filhos a um estranho? Porque ele é um estudioso aos olhos da cultura. Alguém de respeito e cuja sabedoria é impressionante. Suas práticas, violentas ou não, são vistas como um bem necessário. Esse bem necessário pode ser uma tortura física. Uma criança acusada de usar feitiçaria contra sua família ou de carregar o infortúnio causado em sua família é torturada, queimada, rejeitada, abandonada e morta. Isso pode ser chocante, mas em alguns casos as pessoas ao seu redor acham que é a melhor maneira.

Estamos, portanto, diante de uma triste realidade. Milhares de nossos filhos inocentes são acusados de bruxaria. 23.000 crianças em abril de 2010 viviam nas ruas de Kinshasa porque foram acusadas de bruxaria e 423 em uma cidade no norte de Angola.

Por que eles são vistos dessa forma? Porque são deficientes, doentes, diferentes? Então isso significaria que se você é afetado por epilepsia, tuberculose, autismo ou gagueira, você é um bruxo? Ou talvez porque tenha nascido prematuro. Vamos mais longe a ponto de dizer que uma criança preguiçosa é um bruxo. Não é um absurdo acusá-los assim?

No entanto, há 80% dos jovens com idade entre 3 e 18 anos, em média, que não têm mas casa de família onde viver. Eles são expulsos ou levados a fugir de sua família, que pode ser violento com uma "criança feiticeira".

Os jovens são presas perfeitas aos olhos desta sociedade. Eles não podem desafiar ou contestar porque existe uma hierarquia que prevalece. É a palavra deles contra a de um adulto. Assim como Nela, aos 6 anos, é acusada de bruxaria. Sua mãe preocupada requer ao serviço de um especialista tradicional que lhe garante que seus filhos carregam espíritos malignos dentro deles. Temerosa, a mãe afoga um de seus filhos e tortura sua filha menor de 10 anos. Hoje á menina está mais estável graças à significativa ajuda das freiras que a acolheram e cuidaram.

Nela é uma das vítimas muitas vezes esquecidas. Existe a Nela, mas também o Nelson como o Alex ou a Maria. Simples menores que desejam levar uma vida tranquila, sem perseguição, medo e vergonha. 


Focus sur la question du multilinguisme en Angola

L’Angola a été soumis au Portugal pendant 500 ans (1482-1975). En 1482, l’Angola tel qu’on le connaît aujourd’hui n’existait point, il n’avait pas les mêmes frontières et le pays en soi n'existait pas. Vers la fin du XVe siècle, le commerce étant très actif en Europe, les Portugais implantèrent une colonie en Angola, pour réaliser des échanges commerciaux avec des royaumes locaux tels que le royaume Kongo. 

Selon une étude officielle publiée dans le journal O Público de Luanda en 1995, près 99 % de la population de cette ville seraient capable de s’exprimer en portugais (langue maternelle et langue seconde). Il y a une vingtaine d’années, la plupart des enfants de Luanda parlaient l'umbundu lorsqu’ils jouaient dans la rue. Aujourd’hui, plus du tiers des enfants âgés entre six ans et quatorze ans ne parleraient que le portugais ou, du moins, ne connaîtraient que fort mal la langue de leurs parents. La « dépossession linguistique » est à ce point avancée dans la capitale que pour la plupart des Angolais, le portugais est devenu la seule langue véhiculaire utilisée. Il en est ainsi pour les médias, la musique populaire, les livres, etc. 

La langue portugaise parlée en Angola s’appelle le portugais angolais. En portugais, on utilise l'expression "português vernáculo de Angola" (« portugais vernaculaire d'Angola ») ou PVA. Ce portugais semble relativement différent de celui que l'on entend au Portugal et au Brésil. Certains observateurs disent qu'il n'a même rien à voir ni avec l'un, ni avec l'autre. L’exemple le plus courant est celui du petit-déjeuner : pequeno almoço (Portugal), matabicho (Angola) et café da manha (Brésil). En fait, le portugais angolais demeure du portugais, mais il présente des différences. Du point de vue phonétique, cette variante est très similaire à celle du Brésil, même s'il a encore des différences. Par exemple, certaines prononciations vocaliques sont ouvertes au Portugal et très ouvertes au Brésil, mais tout simplement fermées en Angola. Par exemple, en portugais brésilien, il est d'usage de remplacer le son du «l» par le «u» vocal. Par exemple, le mot «papier» est prononcé au Brésil «papeu», alors qu’il s’écrit “papel”. Laissant le «u» bien marqué. 

Une autre caractéristique phonétique est celle de la lettre «o» à la fin des mots.  Les Brésiliens remplacent généralement la voyelle «o» par la voyelle «u». Il suffit de penser aux mots «marteau» (martelo, prononcé martelu au Brésil), «affection» (afeto, prononcé afetu au Brésil), «accord» (acordo, prononcé acordu au Brésil).

Comment se fait-il qu’en Angola le portugais (langue coloniale) soit beaucoup plus parlé que les langues locales (qui existaient déjà à l'époque) ?

Une des raisons en est que le Portugal a été l’un des pays les moins tolérants vis-à-vis des cultures locales pendant la colonisation. Les autres pays, surtout le Royaume-Uni, ont colonisé à des fins essentiellement commerciales, les Anglais ne sont pas venus imposer leur culture, leur religion, leur langue. A leur arrivée, les Portugais avaient seulement bien eux aussi l’idée de faire du commerce (armes à feu contre de l’ivoire, par exemple), mais cela a très vite évolué et avec le début de la colonisation, les Portugais commencèrent la traite négrière et furent les premiers à le faire. Cette traite qui dura plus de 400 ans s’est développée quand les Portugais ont demandé au peuple du royaume Kongo d’aller chercher plus de population au centre du pays pour aller peupler les champs au Brésil (autre colonie portugaise à l’époque). Se servant des uns pour asservir les autres, la langue est devenue le moyen d’assimiler ceux dont ils faisaient leurs complices.

D'après le recensement de 2014, 72% des Angolais parlent le portugais et seulement 28% parlent des langues locales. Dans l’interview suivante, nous allons pouvoir entendre un des témoignages d’une Angolaise dont les ancêtres ont dû apprendre le portugais, mais contrairement à la majorité de la population sa famille continue de parler les langues locales.

Interview

Bonjour, nous allons aujourd’hui aborder le thème des langues locales en Angola, oui, nous allons parler de ces langues qui sont, malheureusement, en voie de disparition, voire d’extinction, au fil du temps, de génération en génération. A cette fin, nous avons le plaisir de recevoir madame Zuri Dikwenze, une dame qui est engagée pour la mémoire de ses ancêtres. Dans le cadre de la conversation d’aujourd’hui, elle témoignera pour nous de l’évolution des langues parlées dans sa famille. Avant de commencer, Zuri Dikwenze, merci d’avoir accepté notre invitation et d'être venue nous parler de votre famille et des langues pratiquées dans votre famille. Dans votre famille, le portugais est-il la langue dominante ?

Zuri Dikwenze. - Non, le portugais n’est pas la langue dominante, car nous nous sommes promis de toujours parler la langue de nos ancêtres. Cette promesse s'est faite de génération en génération, c’est quelque chose qui relève de la culture familiale. Ainsi, nous ne parlons le portugais que quand nous parlons à nos voisins, aux personnes extérieures à la famille, ou par nécessité.

Pourriez-vous dire que dans votre famille chacun maîtrise au moins une langue locale en plus du portugais ? Quelles sont donc les différentes langues parlées dans votre famille ?

Zuri Dikwenze. - Oui, je pense que l’on peut dire cela, car nous parlons bien plusieurs langues locales et la langue coloniale, qui est le portugais. Et donc, dans ma famille, nous parlons couramment le kimbundu, le Umbundu, le chokwe et le kikongo, sans oublier la langue dont nous sommes le moins fiers : le portugais. Notre famille parle toutes ces langues car au fil des générations nous avons fui les raids d’esclavage et nous étions pratiquement nomade et nous avons habité dans tout le pays (l’Angola d’aujourd’hui) et nous devions apprendre ces langues pour pouvoir communiquer. Je ne dis pas que les Angolais devraient apprendre toutes les langues nationales du pays, mais au moins une de ces langues, leur langue ethnique, c’est-à-dire celle que leurs ancêtres parlaient. Cela pousserait les Africains en général à rétablir le lien avec le passé, avec leur culture ancestrale, avec leurs ancêtres, etc.

Quel lien y a-t-il entre langue et culture ? 

Zuri Dikwenze. - La langue est majoritairement attribué à un pays en particulier et ce pays a sa propre culture ; c’est pour cela que je n’ai pas vraiment été heureuse quand ils ont annoncé en 2010 que le portugais serait la langue nationale officielle du pays.

Quand l’apprentissage de la langue portugaise s’est-il imposé pour votre famille ? 

Zuri Dikwenze. - L’ apprentissage de la langue portugaise s’est imposé dès que les Portugais sont arrivés sur les côtes du royaume Kongo. Nous avons été obligés d’apprendre leur langue pour pouvoir communiquer, mais à l’époque tout le monde devait le faire, pas que ma famille.

Pensez-vous que les langues locales sont toujours utiles socialement ?

Zuri Dikwenze. - Dans le monde où nous vivons actuellement, non elles ne le sont pas, mais elles devraient l'être, car ce sont les langues qui représentent notre peuple, le portugais ne le fait pas.  Et malheureusement, la langue de l’Etat est le portugais, une langue que nos ancêtres ont toujours négligée. En revanche, il pourrait y avoir d'autres langues officielles, l’umbundu par exemple, langue du peuple ovimbundu, tout de même parlée par 5,9 millions d’Angolais d’après le recensement de 2014. Ces langues pourraient d'ailleurs être enseignées dans les provinces.

Pour finir, vous croyez que les langues locales ont quelque chance de se développer de nouveau en Angola ?

Zuri Dikwenze. - Non, cela semble difficile, car les Angolais n’accordent pas suffisamment d’importance à leurs langues : ils se contentent de la langue des anciens colons. Par exemple, quand je me promène dans la rue et que je dis que je parle le kimbundu, pourtant parlé par 2 millions d’Angolais, on me regarde de travers, car les gens me voient comme une paysanne, une femme de la campagne qui n’aurait pas fait d’études, comme si je n’étais pas civilisée ! Une des premières solutions pour que plus de personnes parlent les langues serait peut-être la création d’écoles spécialisées, où l’on enseignerait aux enfants des rudiments des langues locales. Le gouvernement devrait encourager la pratique de ces langues avec des publicités où l’on verrait des célébrités locales parler ces langues, il devrait aussi créer des concours de lettres en langue nationale par exemple ou tout simplement des concours dans lesquels ces langues seraient valorisées.  On pourrait aussi créer des chaînes de télévision présentées dans une langue nationale ou même une chaîne ayant pour fonction d’apprendre à en parler une. Impliquer les langues nationales dans le divertissement pourrait aussi être une solution, comme le fait de mettre en scène des pièces de théâtre qui pourraient être jouées en umbundu par exemple. Mais pour cela, il faudrait d'abord que les gens y compris les acteurs apprennent à parler des langues locales.

Hugo Vunge
Claudio Costa

Annexe

Langue

%

Nombre

Portugais

71,15 %

16 890 741

Umbundu

22,96 %

5 449 819

Kikongo / Ukongo

8,24 %

1 956 191

Kimbundu

7,82 %

1 855 951

Tchokwé / Kioko

6,54 %

1 553 019

Nyaneka

3,42 %

812 357

Ngangela

3,11 %

739 070

Fiote

2,39 %

568 296

Kuanyama

2,26 %

537 533

Muhumbi

2,12 %

502 881

Luvale

1,04 %

248 002

Autres langues nationales

3,60 %

854 045

Sourds / muets

0,50 %

119 357

Total (sans doubles comptes)

100,00 %

23 739 971

(Recensement de 2014, cité par Wikipédia)